Rio -  Cerca de 400 PMs realizam operações na Baixada Fluminense e nas zonas Norte e Oeste na manhã deste domingo. Os militares buscam armas, drogas e criminosos. A ação visa evitar a fuga de criminosos do Complexo de Manguinhos e da Favela do Jacarezinho, que começaram a ser ocupados pelas forças de segurança pública por volta das 5h deste domingo.
Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e fuzileiros navais se concentraram para a incursão no Centro de Farmácia da Marinha, em Benfica. O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, chegou à base por volta das 4h e se reuniu com a tropa. Os militares fazem buscas em vielas e percorrem o território das comunidades. Homens do Bope usam retroescavadeiras para destruir barricadas montadas por traficantes.
Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
Homens do Exército fazem barreira com tanques na Leopoldo Bulhões | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
Houve troca de tiros na chegada da Polícia Civil ao Jacarezinho, mas não há registro de feridos.
A ação abre caminho para a instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). A previsão é que a primeira fase da ocupação dure até o fim do ano, quando a sede da unidade deverá ser inaugurada.
Dominada pela facção criminosa Comando Vermelho (CV) há décadas, a área se tornou uma das mais perigosas do Rio, devido aos intensos confrontos armados.

As favelas do Mandela e Varginha, vizinhas dos complexos, também são ocupadas.

Um desafio para a cidade

Manguinhos e Jacarezinho representam grande desafio. Por ali, passam algumas das mais importantes vias da Zona Norte, como as avenidas Democráticos, Dom Hélder Câmara e Leopoldo Bulhões. Esta última ficou conhecida como "Faixa de Gaza", por conta dos confrontos entre a polícia e os traficantes.

Durante os últimos anos, estes acessos foram constantemente alvos de ladrões para atacar motoristas e pedestres. Outra grande preocupação da Secretaria de Segurança é que Manguinhos e Jacarezinho viraram um dos principais entrepostos de drogas do Comando Vermelho.

O comércio de entorpecentes gerou o surgimento de cracolândias em vários pontos das comunidades, alvos constantes das operações policiais e das secretarias de Assistência Social do estado e do município, que encaminham os viciados para abrigos.

Foto: Arte: O Dia
Arte: O Dia
Sede da UPP será instalada até o fim do ano
A comunidade deve receber a sede da unidade até o fim do ano. Outras bases avançadas serão erguidas no Jacarezinho e Mandela, em 2013, além de policiamento na comunidade Varginha, fechando o cerco da polícia naquela região.

Outro importante projeto também vai contribuir para a pacificação dos bairros vizinhos aos conjuntos de favelas: a inauguração da Cidade da Polícia, no Jacarezinho, prevista para ocorrer em abril.

Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Apreensões durante operações policiais no Complexo de Manguinhos | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
O complexo abrigará 32 delegacias especializadas da Polícia Civil em dez prédios, além de centros de instrução com favela cenográfica e estande de tiros, canil e carceragem para presos. O projeto custou R$ 40 milhões e por lá devem circular cerca de três mil agentes.

Em entrevista ao DIA, no final de 2011, o secretário José Mariano Beltrame deixou claro que, mesmo com a Cidade da Polícia em funcionamento, a região necessita de uma UPP.

“São áreas muito grandes. Para policiar uma região assim, só colocando os policiais lá dentro”, afirmou.

Moradores deixam suas casas
Os moradores, por sua vez, demonstravam um misto de euforia e preocupação. Várias famílias, com medo de tiroteios, deixaram a região para se abrigar em casas de amigos e parentes.
“Não vejo a hora de a polícia acabar com esse domínio dos traficantes. Cansei de ser extorquido, dando dinheiro, cerveja e outras mercadorias para esses bandidos sanguinários fazerem festas em bailes funk”, desabafou um comerciante do Jacarezinho, que pediu para não ser identificado.
“Não vou pagar para ver (se haverá confronto ou não)”, gritou uma mulher, com seus três filhos pequenos, para um vizinho. Muitos traficantes também teriam deixado as comunidades os últimos dias.