O protesto próximo à casa do governador Sérgio Cabral teve momentos de tensão na noite desta quinta-feira. Por volta das 22h45min, a polícia usou bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta para dispersar os manifestantes. Um caminhão-tanque chegou a ser usado pelo Batalhão de Choque durante o confronto.
Após quase cinco horas de protesto pacífico, alguns manifestantes começaram a gritar "vamos invadir", e a polícia reagiu jogando spray de pimenta. Os manifestantes, então, revidaram com morteiros, e a polícia começou a atirar bombas de gás lacrimogêneo. Por volta das 23h, a tropa da PM avançou pela Avenida Delfim Moreira, no sentido Ipanema. Em retirada, os manifestantes atearam fogo em lixeiras e jogaram no meio da via. Pelo menos seis pessoas foram presas e levadas para a 14º Delegacia de Polícia.
A jornalista Carol Noaves, de 33 anos, foi surpreendida com o confronto. De acordo com ela, tudo estava tranquilo quando as bombas começaram a ser ouvidas. Uma porta de vidro foi estilhaçada e um poste de sinalização, derrubado, na esquina da Avenida Delfim Moreira com a Rua Aristides Espínola, onde se iniciou o confronto.
- Foi uma coisa insana. Estava todo mundo tranquilo, cantando músicas, quando começou. Do nada, surgiram bombas de efeito moral e balas de borracha. Todo mundo seguiu para a Ataulfo de Paiva, que foi fechada - disse.
PM e manifestantes divergem sobre estopim
O advogado Rafael Faria, da comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) disse ao GLOBO que a PM alega ter agido ao ser agredida por uma pedrada. Além disso, uma lata de cerveja teria sido lançada contra os policiais. Já alguns manifestantes ouvidos pelo advogado afirmaram que a ação da polícia foi gratuita e que teria sido decorrente, em parte, do desgaste físico e emocional da tropa.
Cerca de dez advogados da OAB estiveram na 14º DP para dar assistência aos presos. Um dos advogados, Raul Lins e Silva, disse estranhar que a PM esteja tentando ligar, sem qualquer prova, o grupo detido a um material apreendido: um pedaço de pau com um morteiro disparado na ponta. Segundo Raul, não há qualquer prova para isso. Um outro advogado da comissão, Rafael Faria, disse que a PM não está agindo constitucionalmente: os nomes dos policiais não estão estampados nas fardas.
Desde as 17h, havia forte aparato policial no Leblon. Uma barreira de policiais foi montada tanto na Aristides Espínola quanto na Avenida General San Martin, que é paralela à Delfim Moreira. Manifestantes estavam muito próximos aos PMs, gritando palavras de ordem. Alguns tentavam negociar com oficiais, que apenas ouviam, sem se manifestar. O grupo pedia melhorias para o transporte público, para a saúde e a educação.
Gerusa Lopes, de 30 anos, que participa do ato desta quinta, fazia parte do grupo que estava acampado perto da residência do governador e foi retirado pela polícia no começo desta semana. A jovem distribuiu 80 guardanapos de papel entre os manifestantes, para protestar contra o que ela chamou de "farra do Cabral em Paris". Durante uma viagem do governador, secretários estaduais, juntamente com o então proprietário da empreiteira Delta, Fernando Cavendish, foram fotografados na capital francesa usando guardanapos na cabeça.
- Foi um absurdo! Gastaram 100 dólares em uma garrafa de champagne enquanto o povo aqui passa tanta necessidade - disse.
A chef de cozinha Angelica do Nascimento, de 54 anos, aderiu à causa e pôs o lenço de papel na cabeça de seu cachorro labrador, Rocco, de sete anos. Segundo ela, os manifestantes têm razão em protestar e pedir melhorias no serviço público.
Cabral comentou, mais cedo, no Palácio Guanabara, as manifestações nas proximidades de seu prédio:
- Eu lamento, porque manifestação ao governador deve ser feita na porta do palácio. Mas não sou eu quem tem que julgar onde manifestante deve manifestar.
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