quarta-feira, 14 de março de 2012

Após expulsão, líder grevista dos bombeiros fala em injustiça e diz que vai recorrer


Expulso do Corpo de Bombeiros ao lado de mais doze companheiros grevistas, sob acusação de “articulação em manifestações de caráter político-partidário”, o cabo Benevenuto Daciolo se sente injustiçado pelo comando-geral da corporação. Embora a notícia ainda não tenha sido integralmente digerida, ele já iniciou o processo para entrar com recurso e acredita que a decisão possa ser revista.
- Tenho provas de que não tive envolvimento com partidos políticos e que também não incitei a violência em nenhuma ocasião. Nós temos um prazo de cinco dias para recorrer e vamos fazer isso. Acredito que posso voltar para a corporação.
Apesar da esperança, Daciolo tem plena consciência de que o caso não é simples. Por isso, caso a posição inicial seja mantida, ele ameaça abandonar a esfera militar.
- Se isso [reversão da decisão] não aconteça, vou recorrer na Justiça comum. Só vai restar esse caminho.
Daciolo foi preso dia 9 de fevereiro, depois de ser flagrado em escutas telefônicas supostamente negociando estratégias grevistas com líderes do movimento na Bahia e no Rio. A paralisação, que englobava bombeiros, policiais militares e civis, foi anunciada oficialmente no dia seguinte, em uma assembleia na Cinelândia, no centro da capital fluminense. O movimento exigia melhores salários e condições de trabalhos para as categorias.
- Não anexaram todas as escutas ao processo. Se fossem ouvidas na íntegra, o processo não teria terminado com a expulsão. Na verdade, eu fui até a Bahia para negociar a rendição do líder de lá [Marcos Prisco, presidente da Associação dos Policiais, Bombeiros e dos seus Familiares do Estado Bahia].
Daciolo explicou ainda que sua visita à Bahia tinha como um dos objetivos evitar que a greve no Rio tomasse rumos violentos.
- Temia que esse movimento radical da Bahia se instalasse da mesma forma no Rio. Por isso, procurei encher o nosso movimento de legalidade, com apoio de parlamentares, magistrados.
Corpo de Bombeiros diz ter provas indiscutíveis
O Comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Sérgio Simões, disse nesta terça-feira (13) que a decisão sobre a expulsão foi tomada com base em documentos, gravações telefônica, vídeos e fotografias que comprovam o intuito do grupo em paralisar o serviço e incitar a greve de forma violenta na semana que antecedeu o Carnaval.

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