sábado, 26 de junho de 2010

PEC cria Conselho Nacional de Polícia

Policiais que cometem abusos podem não ser mais investigados pelo Ministério Público (MP). Se depender do Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 381/2009 que tramita na Câmara Federal, os policiais que forem denunciados por corrupção ou por reclamações referentes a abordagens, principalmente a pessoas mais simples, serão julgados por seus próprios colegas, por meio do Conselho Nacional de Polícia que pretende ser criado.

O projeto foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e acaba com o controle externo da atividade policial por integrantes do MP, transferindo a competência para o conselho, que segundo a proposta deve ser composto por 10 delegados, um juiz, um membro do MP, dois advogados e dois representantes da sociedade civil.

A mudança é rejeitada pelo MP do Paraná, que ajuizou ações penais contra 147 policiais envolvidos com a criminalidade do ano passado até agora, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

“A Constituição de 1988 elegeu um órgão que faz a defesa do regime democrático, que é o MP, e o principal ponto prático dessa mudança é que quando alguém for vítima de um abuso policial, ao invés de procurar o MP, vai ser indicada a procurar o conselho”, critica o coordenador do Gaeco, procurador de Justiça Leonir Batisti. Será a polícia interpretando e investigando a própria polícia.

Batisti exemplifica a importância da investigação do Gaeco com o caso de Londrina, no norte do Estado. Antes da implantação do Gaeco na cidade, dois processos referentes a crimes atribuídos a policiais haviam sido propostos pela Justiça local.

Com a criação do órgão, em 10 meses 26 policiais comprovadamente envolvidos com a criminalidade foram processados judicialmente, dentre os quais alguns foram afastados da função.

O trabalho conjunto entre MP e policiais também seria prejudicado, na avaliação do procurador. “Os policiais que trabalham com a gente não são subordinados nossos. Precisamos de confiança mútua e de trabalho conjunto para ter mais eficiência. Caso contrário vamos ficar discutindo vaidades e o serviço vai piorar”, avalia Batisti.

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