Pequeno grupo quebrou vidraças, ateou fogo em lixos e bloqueou vias
Rio - A exemplo da manifestação histórica que reuniu 100 mil
pessoas no Centro do Rio nesta segunda-feira, o protesto contra o aumento da
tarifa nos ônibus em São Gonçalo, na Região Metropolitana, acabou em confusão na
noite desta terça-feira.
Por volta das 19h25, mais de 5 mil manifestantes começaram a se
dispersar pela região. No entanto, um pequeno grupo de 50 pessoas começou a
quebrar vidraças nas esquinas das Avenidas Nilo Peçanha com Presidente Kennedy,
local do fim do protesto.
Entre as ações, os manifestantes deprederam agências bancárias,
atearam fogo em uma caçamba de lixo e arrancaram uma cabine telefônica do lugar,
além de quebrar vidraças próximas como as da unidade do Sesc/Senais e chutar
portas de lojas de departamentos e cones pelas ruas.
Policiais do 7º BPM (São Gonçalo) reagiram com bombas de efeito moral, mas o
grupo revidou lançando malvinas em direção aos PMs. Jovens com panos no rosto
gritavam "Acabou o amor, isso aqui vai virar o inferno".
Os presentes deprederam o prédio do TRE, lanchonetes, picharam muros e lojas
e promoveram correria em ruas próximas. Até o momento, cinco deles foram detidos
em flagrante depredando lojas. Os manifestantes pediram que eles fossem
liberados, mas a PM não cedeu.
Neste momento, os PMs perseguem os manifestantes com cães e os presentes
devolvem com pedradas. O clima é de guerra nos arredores.
Protesto reuniu mais de 5 mil em frente à Prefeitura
Mais de cinco mil pessoas protestaram contra o aumento na tarifa de ônibus em
São Gonçalo, na Região Metropolitana, na tarde desta terça-feira.
O grupo protestou em frente à sede da Prefeitura local, que ficou cercada por
homens do Batalhão de Choque. Cerca de 200 homens do 7º BPM (São Gonçalo)
acompanharam a movimentação.
Em toda a região o comércio fechou mais cedo. Muitas lojas fecharam
por volta das 17h30. Um dos comerciantes, que não quis se identificar, disse
estar com medo. "Você acha que quero ter o risco de ter o vidro da minha loja
quebrados. É melhor me prevenir e fechar as portas. Estou com medo de que
aconteça a mesma coisa do que no Rio", afirmou.
Manifestantes carregaram faixas e cartazes. Muitos pintaram as
caras. Em alguns dos cartazes, foi possível ler "Gritamos paz, ganhanhamos gás,
como é que faz?" ou "O gigante acordou".
Segundo manifestantes, o prefeito Neilton Mulin prometeu em
campanha que a passagem seria R$ 1,50. As escadarias foram ocupadas, mas o
bloqueio feito pelo Choque e pela guarda municipal impediu a entrada dos
ativistas.
Um princípio de tumulto chegou a ocorrer, mas foi dissipado
rapidamente. Poucos participantes atearam fogo em uma pequena quantidade de lixo
na Rua Antônio Figueiredo, mas já foi apagado.
Manifestantes gritaram: "Quem tá com a gente pisca a luz". Vários prédios, em
sinal de apoio ao protesto, piscaram as luzes no apartamento. Moradores dos
prédios vizinhos penduram camisas brancas nas janelas.
NA Avenida Doutor Nilo Peçanha, oito carros da PM bloquearam a via. Na
Avenida Presidente Kennedy, ocorreu mesma situação. A polícia pediu que os
participantes desbloqueassem a via.
Prejuízo na Alerj é de R$ 2 milhões
O prejuízo no prédio da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro
(Alerj) varia entre entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões. A informação foi dada
pelo deputado Paulo Melo, presidente da Casa, na manhã desta terça-feira.
Na noite desta segunda-feira, após a manifestação que reuniu 100 mil pessoas
no Centro da cidade, um grupo depredou o prédio histórico. Ainda de acordo com
Melo, 30% das vidraças foram quebradas, móveis destruídos e a fachada
pichada.
"Lamento profundamento o ocorrido na Alerj, na Igreja São José, no Paço
Imperial e no Mosteiro do Carmo. Mas fiquei entusiaamado com o propósito da
passeata. Para mim, a passeata terminou na Cinelândia. Acho desonesto se não
separarmos a ação pacífica e ordeira da Rio Branco com a desordem que aconteceu
nesta parte histórica do Centro. A seguranca da Casa resistiu de forma quase
heróica para que nao houvesse uma invasão. Me nego a tratar isso como protesto.
Foi vandalismo", disse Melo.
Funcionário trabalha na limpeza da Alerj
Paulo Melo disse também que a polícia agiu de acordo com suas
orientações. De acordo com ele, quando os manifestantes chegaram ao local havia
75 PMs. "Quem determinou que não houvesse confronto fui eu. A decisao da chegada
do Batalhão de Choque foi tomada junto com o governador Sérgio Cabral",
reiterou.
O gabinete do deputado Bernardo Rossi (PMDB) foi um dos afetados. "Temos que
separar o joio do trigo. Na Rio Branco houve a grande manifestação, um protesto
para entrar para a história. O que houve aqui é vandalismo. O que eles ganham
com isso? Cometerem um crime contra o patrimônio e contra a própria
manifestação", salientou Rossi.
Um dos estabelecimentos atacados pelo grupo foi a Churrascaria Ao
Vivo, na Rua São José, em frente à Alerj. Segundo Marcos Cunha, de 44 anos, um
dos sócios, os baderneiros - muitos mascarados - invadiram o estabelecimento,
que estava fechado. O primeiro andar foi totalmente destruído, inclusive as
câmaras do circuito de segurança.
Bebidas, TVs e outros eletrodomésticos foram roubados ou quebrados. Os
vândalos também chegaram ao segundo andar onde também quebraram pertences e
roubaram produtos. Eles não conseguiram chegar ao terceiro andar. O empresário
calcula o prejuízo em cerca de R$ 200 mil. Ele criticou a ausência da PM.
"Assisti a tudo da minha casa, quando monitorava a movimentação das cãmeras
do circuito de segurança. Liguei e abri vários protocolos de atendimento pelo
190 e nada. A PM, pra gente que paga imposto, não vale nada. Não sei quem vai
arcar com o prejuízo. Vou fazer uma faxina aqui e vender o estabelecimento. O
seguro que temos é muitio pequeno. Estou atônito", disse Marcos revoltado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário