A conduta do coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira à frente do 7° BPM (Alcântara) e de policiais do Grupo de Ações Táticas (GAT) do batalhão foi informada ao coronel Mário Sérgio Duarte quando ele ainda era comandante-geral da PM. As informações fazem parte do depoimento do promotor Paulo Roberto Mello Cunha Júnior, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, à Divisão de Homicídios, quinta-feira. O GAT tinha agentes de confiança de Cláudio e acusados de forjarem autos de resistência. Mário Sérgio, aliás, foi quem indicou Cláudio para assumir o 7° BPM. Ele não foi encontrado ontem para comentar o assunto.
Segundo o depoimento, em reunião com o ex-comandante da PM, o promotor relatou como os PMs agiam nas operações, mas Mário Sérgio manteve o coronel no posto. O comandante foi transferido em setembro para o 22º PM (Maré), após o assassinato da juíza Patrícia Acioli, morta com 21 tiros em Niterói em 11 de agosto. Ele está preso, suspeito de mandar matar a magistrada, assim como 10 PMs do GAT. O inquérito da DH já foi concluído, e o Ministério Público está analisando o relatório, para decidir se oferece ou não denúncia contra os 11 acusados do crime.
No documento, o promotor Paulo Roberto diz que Mário Sérgio afirmou que Cláudio foi para o batalhão para melhorar os índices de criminalidade em São Gonçalo e que, em função da cobrança dele, a tropa, em retaliação, começou a insuflar Patrícia contra o comando.
Segundo o promotor, Mário Sérgio justificou as transferências de Marcelo Poubel, que era namorado da juíza, e de outro PM, ambos lotados na 4ª Vara Criminal da qual ela era titular, alegando que eles eram o canal da tropa ‘para mandar recado à magistrada’. Com a saída deles do Fórum gonçalense, o coronel acabaria com a possibilidade de os comentários chegaram até ela.
No depoimento, o promotor contou ainda que ponderou a explicação dizendo que as denúncias contra os PMs e os pedidos de prisão eram feitos pelo MP, mas nenhum policial foi mandado para substituí-los, e Patrícia ficou sem segurança.
Patrícia não confiava em escolta de PMs
Poubel e o outro PM foram transferidos após a prisão do major Bezerra, chefe do Serviço Reservado do quartel, acusado de forjar auto de resistência no início do ano. Outros agentes foram presos acusados de participarem do crime. No Boletim Interno da PM, Mário Sérgio informou que os dois policiais só poderiam ser transferidos para outra unidade por ordem dele. Na delegacia, Paulo Roberto revelou que a juíza não pediu segurança à Diretoria Geral de Segurança Institucional do Tribunal de Justiça porque não confiava nos policiais do setor, responsável pela segurança de magistrados. Na época, segundo relato, Patrícia recebeu telefonemas informando que Cláudio queria matá-la.
MP já analisa inquérito
A DH concluiu as investigações sobre a morte de Patrícia Acioli, e parte do inquérito já está sendo analisada pelo Ministério Público. Agora, cabe aos promotores decidir se oferecem ou não denúncia à Justiça contra os 11 PMs presos, autuados pelo homicídio.
Até o fim desta semana, devem chegar ao MP relatório da DH sobre interceptações telefônicas e imagens de câmeras de trânsito e do condomínio onde a magistrada foi executada. Dos 11 PMs presos, entre eles o coronel Cláudio Oliveira e o tenente Benitez, apenas dois cabos confessaram participação no crime. Os outros negam.
"O coronel Mário Sérgio disse que pediu para sair por ter indicado o coronel Cláudio Oliveira para o comando do 7º batalhão, onde segundo a acusação que lhe fazem tramou o assassinato da juíza Patrícia Acioli. Quis passar a imagem de homem que responde por seus atos e que constrangido pela indicação era melhor ir embora. Tudo cortina de fumaça.
O ex-comandante da PM tentou esconder que no fim das contas o responsável por tirar a escolta da juíza foi ele mesmo, ordem publicada até no Boletim Interno da corporação. Vai carregar essa mancha junto com outras como ter usado a PM para atacar os bombeiros para agradar Cabral. Não deixará saudades na corporação, a não ser para os amigos e sua mulher que ele promoveu a tenente-coronel, além de tê-la nomeado num cargo de direção. "
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