sábado, 8 de outubro de 2011

Fechadas e sem água e esgoto, torres blindadas são vigiadas por PMs para evitar vandalismo

Do lado de dentro de pelo menos sete torres blindadas da Polícia Militar, instaladas em diversos pontos do Rio, há banheiros prontos, escadas, macas e aparelhos de ar-condicionado. O principal, porém, só é encontrado do lado de fora: os próprios PMs. Apesar de instaladas, as estruturas nunca foram abertas por falta ligação com as redes de água e esgoto. Numa curiosa inversão, em lugar de proteger os policiais de ataques, são estes que as vigiam para, segundo a Secretaria de Segurança, evitar depredações.
— Como eu posso oferecer segurança para a população se eu mesmo não tenho segurança? — pergunta um policial militar que faz plantão numa das torres blindadas.
Ele não é o único que se queixa do trabalho. As críticas se repetem a cada torre percorrida. Temendo represálias, eles preferem não se identificar. A cabine da Linha Vermelha, perto do acesso ao viaduto Mario Henrique Simonsen, está trancada. A dupla de policiais é obrigada a ficar em pé do lado de fora, com um único recurso: a viatura.
— Estou aqui há pouco mais de um mês e essa cabine nunca foi aberta. Está trancada. A gente fica exposto tomando conta da via e da própria cabine, para que nenhum tipo de vandalismo seja cometido — diz um dos policiais do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv).
Nessa condição, questões básicas como ir ao banheiro viram problemas complexos.
— Para ir ao banheiro, a gente tem que pedir rendição e ir até a cabine que fica no acesso à Perimetral. Só que a viatura que nos rende fica circulando. Então, o tempo de demora varia de acordo com a distância e o trânsito — conta o outro policial da dupla.
dealizadas pela Secretaria de Segurança para dar conforto aos PMs e melhorar a segurança em vias estratégicas, as torres viraram um problema no dia a dia dos policiais.
— Ninguém quer fazer esse serviço aqui. Se eu disser que me sinto seguro, estarei mentindo — afirma um PM.
No Viaduto do Gasômetro, outra torre está vazia e fechada. Um dos PMs de plantão reclama da falta de estrutura das unidades.
— Às vezes, eu tenho que urinar em pé aqui, tentando me esconder dos carros que passam. Isso é constrangedor para um policial militar. Não é certo, mas eu tenho que admitir que faço, porque não há outro jeito — diz o policial, envergonhado.
Em pé diante da cabine, ele se posiciona para tentar escapar do sol e, ao mesmo tempo, do trânsito intenso.
— A gente não tem banheiro, água, nenhuma estrutura de saneamento. Temos de ficar 12 horas em pé, debaixo de sol e chuva. Somos alvos fixos de criminosos, e ainda corremos o risco de sermos atropelados — conta o policial.
— A gente está aqui para mostrar que a polícia está presente, mas pouco podemos fazer. A preocupação da corporação não é com o ser humano, é com a possibilidade de picharem a torre blindada — critica outro PM.
As torres no acesso ao Elevado da Perimetral e no Elevado Paulo de Frontin estavam abertas e funcionando, mas não havia carros da PM dando apoio no local.
EXTRA

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