Do lado de dentro de pelo menos sete torres blindadas da Polícia Militar, instaladas em diversos pontos do Rio, há banheiros prontos, escadas, macas e aparelhos de ar-condicionado. O principal, porém, só é encontrado do lado de fora: os próprios PMs. Apesar de instaladas, as estruturas nunca foram abertas por falta ligação com as redes de água e esgoto. Numa curiosa inversão, em lugar de proteger os policiais de ataques, são estes que as vigiam para, segundo a Secretaria de Segurança, evitar depredações.
— Como eu posso oferecer segurança para a população se eu mesmo não tenho segurança? — pergunta um policial militar que faz plantão numa das torres blindadas.
Ele não é o único que se queixa do trabalho. As críticas se repetem a cada torre percorrida. Temendo represálias, eles preferem não se identificar. A cabine da Linha Vermelha, perto do acesso ao viaduto Mario Henrique Simonsen, está trancada. A dupla de policiais é obrigada a ficar em pé do lado de fora, com um único recurso: a viatura.
— Estou aqui há pouco mais de um mês e essa cabine nunca foi aberta. Está trancada. A gente fica exposto tomando conta da via e da própria cabine, para que nenhum tipo de vandalismo seja cometido — diz um dos policiais do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv).
Nessa condição, questões básicas como ir ao banheiro viram problemas complexos.
— Para ir ao banheiro, a gente tem que pedir rendição e ir até a cabine que fica no acesso à Perimetral. Só que a viatura que nos rende fica circulando. Então, o tempo de demora varia de acordo com a distância e o trânsito — conta o outro policial da dupla.
dealizadas pela Secretaria de Segurança para dar conforto aos PMs e melhorar a segurança em vias estratégicas, as torres viraram um problema no dia a dia dos policiais.
— Ninguém quer fazer esse serviço aqui. Se eu disser que me sinto seguro, estarei mentindo — afirma um PM.
No Viaduto do Gasômetro, outra torre está vazia e fechada. Um dos PMs de plantão reclama da falta de estrutura das unidades.
— Às vezes, eu tenho que urinar em pé aqui, tentando me esconder dos carros que passam. Isso é constrangedor para um policial militar. Não é certo, mas eu tenho que admitir que faço, porque não há outro jeito — diz o policial, envergonhado.
Em pé diante da cabine, ele se posiciona para tentar escapar do sol e, ao mesmo tempo, do trânsito intenso.
— A gente não tem banheiro, água, nenhuma estrutura de saneamento. Temos de ficar 12 horas em pé, debaixo de sol e chuva. Somos alvos fixos de criminosos, e ainda corremos o risco de sermos atropelados — conta o policial.
— A gente está aqui para mostrar que a polícia está presente, mas pouco podemos fazer. A preocupação da corporação não é com o ser humano, é com a possibilidade de picharem a torre blindada — critica outro PM.
As torres no acesso ao Elevado da Perimetral e no Elevado Paulo de Frontin estavam abertas e funcionando, mas não havia carros da PM dando apoio no local.
EXTRA
Nenhum comentário:
Postar um comentário