Com toda a crise na segurança do Rio de Janeiro, mais uma idéia do governo estadual desagrada aos policiais. Um projeto de lei vai exigir que os PMs trabalhem fardados durante o turno do segundo emprego - o bico. Os policiais dizem que ficarão mais expostos e são contra.
O governo argumenta que deve se regularizar uma prática que é comum. Sessenta por cento dos policiais civis e militares do Rio de Janeiro têm um segundo emprego.
Há 15 anos, um policial militar, que não quer ser identificado, trabalha como segurança particular durante a folga.
"Após seis anos na polícia, eu me casei e senti necessidade de fazer um bico para complementar a renda para manter a família", conta o policial.
Agora, o governo do Rio de Janeiro quer que os policiais militares estejam fardados quando fizerem bicos. Já os policiais civis terão que usar o distintivo no segundo emprego.
O projeto de lei foi encaminhado à Assembléia Legislativa e deve ser votado nesta semana.
Com a medida, o governo do estado quer legalizar a atividade. Hoje, mais da metade dos policiais, civis e militares que estão na ativa fazem segurança particular.
"A proposta é a busca de uma solução legal, onde o estado passará a exercer um controle efetivo de para quem aquele policial está trabalhando, a que horas ele está fazendo esse segundo emprego e que tipo de armamento está utilizando. Passa-se a exercer um controle sobre a segunda jornada de trabalho do policial", diz o subsecretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Marcelo Itagiba.
A Associação dos Cabos e Soldados da PM é contra.
"A intenção do estado é dar maior visibilidade pública a essa situação, para dar uma sensação de segurança à população e transferindo a responsabilidade para a segurança privada. Se o policial cometer um crime no segundo emprego, será que o estado vai dar um amparo a ele como necessita? E se ele vier a morrer em função do segundo emprego?", questiona o presidente da Associação de Cabos e Soldados do Rio de Janeiro, Vanderlei Ribeiro.
O projeto do governo estabelece ainda que as armas do estado não poderão ser usadas pelos policiais no segundo emprego. Eles vão ter que usar armas particulares. De acordo com o projeto, caberá ao comando das polícias civil e militar o cadastro e a autorização para o uso das armas. Uma decisão que também preocupa os policiais.
"Fica ainda mais difícil, porque eu vou ter que usar um revólver 38 para poder fazer a minha segurança e o 38 é uma arma já até superada, ninguém está usando mais. Mas no bico nós vamos ter que usar o 38 porque não podemos usar a pistola da polícia que usamos em serviço", declara o policial que trabalha como segurança particular.
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