segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O CERCO ESTÁ FECHANDO E A IMPUNIDADE ESTA FICANDO IMPOSSÍVEL DE TOLERAR

Manifestantes exigem prisão de Cabral por corrupção

Esquina do governador do Rio de Janeiro está ocupada por tempo indeterminado desde o dia 26 de julho
 
Um grupo de pessoas realiza desde o dia 26 de julho uma manifestação permanente na esquina da avenida Delfim Moreira com a rua Aristides Espínola, em frente à casa do governador Sérgio Cabral Filho, na Praia do Leblon, zona sul do Rio, e diz ter sido ameaçado de morte na terça-feira por homens armados no local. Eles estão exigindo a prisão de Cabral por suspeitas de envolvimento em uma série de crimes, como suas ligações com milícias e com o empresário Fernando Cavendish, ex-dono da construtora Delta, acusada de estar no centro do esquema de corrupção comandado pelo contraventor Carlinhos Cachoeira, e isenções fiscais concedidas a boates termas (prostíbulos de luxo), entre outras suspeitas.
Nesta sexta-feira os manifestantes fizeram a ‘festa do guardanapo’. Com guardanapos na cabeça, encenaram a festança de Cabral em Paris com Fernando Cavendish e os secretários Wilson Carlos, Sérgio Côrtes, Julio Lopes e Régis Fichtner, amigo de Cavendish escalado por Cabral para investigar os contratos da Delta com o governo do estado, supostamente paga com dinheiro público e cujas fotos vazaram para a imprensa.
“O governador Sérgio Cabral Filho é líder de uma quadrilha que transformou o Rio de Janeiro em uma ditadura de mafiosos”, falava ao megafone o cinegrafista independente e ativista Pedro Rios Leão, que iniciou a manifestação.
Os manifestantes carregam cartazes com dizeres como "nesta rua mora um ladrão", “Cabral: chefe de milícia”, “rouba nosso dinheiro e isenta imposto de puteiro”, “assassino de hospital”, “vergonha do Rio” e “Fora Cabral? Buzine!” Enquanto o Epoch Times permaneceu no local, no início da noite, houve buzinaço em diversos momentos e moradores de passagem pararam para conversar com os manifestantes e mostrar apoio.
“A gente está fazendo uma resistência pacífica, tendo um bom relacionamento com os vizinhos e uma adesão massiva de quem passa. De repente, quando as coisas começaram a ganhar corpo, a gente começou a sofrer ameaças. Eu estava saindo daqui e um policial da guarda do governador identificado como Pacheco me abordou agressivamente, me revistou e falou que eu não sabia o que ia acontecer comigo se eu continuasse com isso”, conta Leão.
“Nessa mesma noite, por volta das 22h, dois homens desceram de uma motocicleta sem placa, nos fotografaram, nos mostraram armas e falaram que nós estávamos mesmo com muita pressa de morrer, que estávamos incomodando o governador. Há imagens das câmeras de segurança”, diz Pedro informando que fizeram em seguida uma denúncia na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ) e um boletim de ocorrência no 23º Batalhão de Polícia Militar (BPM), no Leblon.


A professora universitária Sarah Nery, de 30 anos veio de Niterói depois de saber das ameaças. “Eu fiquei ainda mais indignada e vim, porque a manifestação é pacífica e a causa é totalmente legítima, até funcionários do poder público que passam aqui apoiam e a polícia está dando cobertura”, diz Nery destacando o caráter apartidário e sem lideranças do movimento, que classifica como da sociedade civil. “Qualquer um pode vir. Somos cidadãos indignados que não aguentam mais essa situação.”Pedro se diz surpreendido com as ameaças. “No início eu achava que ele (governador Sérgio Cabral) nunca ia tentar fazer nada com a gente, agora eu não estou mais tão tranquilo, porque o cara é protegido pelo governo federal e é realmente crente da impunidade. Ele se filma com empreiteiros corruptos em Paris, então eu não sei realmente em que nível ele está. E as provas são claras, eu adoraria se ele me processasse por eu estar chamando ele de ladrão, porque aí eu poderia pôr os contratos no meu processo, mas ele não vai me processar”, diz Leão apontando também para a residência do empreiteiro Fernando Cavendish, que mora na rua ao lado. “Podia instalar uma UPP aqui para combater a criminalidade.”
Para Sarah, o maior crime do governador é tirar o dinheiro da população e usar em benefício próprio. “Eu estou aqui porque a gente precisa fazer alguma coisa para mudar o que está acontecendo na nossa cara, todo mundo sabe, a gente já se acostumou com a corrupção, a gente já acha que faz parte, mas não faz parte. O Brasil é um país riquíssimo, cheio de possibilidades incríveis, e o que está acontecendo há 500 anos nesse país está destruindo totalmente o território, a população, a fauna e a flora. Então chega num ponto que a gente precisa dar um basta mesmo, a gente precisa gritar na rua, a gente precisa ocupar um espaço, sentar e falar ‘eu vou ficar aqui, esse espaço é público, eu sou o público e o poder público e nós vamos nos manifestar contra o que está acontecendo, porque todos esses recursos são nossos, não dessas pessoas que foram escolhidas para nos representar mas estão representando somente seus interesses particulares”.
“O capital entrou totalmente no poder do estado, o estado vive a serviço de uma máfia de empresas, e as pessoas não têm hospital, não têm educação, não têm transporte, passam fome, e ele sabe disso. Ele sabe que enquanto ele tem uma vida classe AAA+, tem pessoas vivendo em classe E, F, Z, e ele simplesmente tira o dinheiro dessas pessoas em benefício próprio, esse é o maior crime dele”, afirma.
O estudante de jornalismo X, de 18 anos, que preferiu não se identificar por razões de segurança, também veio de longe. “Eu moro na Tijuca (zona norte da cidade), e eu estou aqui na zona sul para cobrar porque eu acho que não está bom, e quando a gente acha que não está bom não adianta ficar em casa de braços cruzados. Eu vim para cá mostrar que tem jovem que está engajado, que quer mudar e eu vou até onde for preciso. Eu gostaria que cada jovem e cada pessoa não ficasse desacreditado, vale a pena lutar e se todo mundo se juntar a gente consegue tirar ele (Cabral) do poder.”
A ocupação é por tempo indeterminado e foi organizada nas redes sociais. Os manifestantes realizam hoje uma marcha até o Arpoador.


Alegados crimes da gestão Sérgio Cabral Filho


“O que a gente está fazendo aqui é simplesmente demonstrando para o Ministério Público que a gente sabe o que é um contrato sem licitação, superfaturado, fraudado e com aditivos ilegais. A gente sabe que se o Cabral não sofre nada é porque tem mais bandidos ajudando ele. As provas que pesam contra o governador são gigantescas e até foram divulgadas no Jornal Nacional, mas existe uma blindagem em cima dele pelo Governo Federal, que é comprometido com o caso Delta, uma blindagem no Congresso Nacional, na Alerj e existe um bandido no Tribunal de Contas do Estado chamado Aloisio Neves”, explica Pedro Rios Leão.

“Já que o estado não faz nada, o cara vai ter que aturar a gente aqui porque ele ainda está matando gente. Impeachment ele tinha que ter sofrido quando aceitou o jatinho do Eike Batista. Esse cara tem que ir para a cadeia, ele é uma ameaça à sociedade, cada dia que ele passa solto mais pessoas morrem por sua causa, ele realmente é um caso de segurança, ele tem que ser preso.”
Além dos contratos suspeitos de 1,5 bilhão de reais com a construtora Delta, os manifestantes lembram também a isenção fiscal de 50 bilhões de reais entre 2007 e 2010 para empresas que vão desde motéis e boates ao cabeleireiro do governador e a ligação de Cabral com milícias.
“O governador Cabral não tem noção da realidade, ele perdeu completamente a vergonha. O cara lançou no Diário Oficial do estado isenção fiscal de 425 mil reais para boates termas como a Solarium e a Monte Carlo, puteiros na Lagoa Rodrigo de Freitas e em Copacabana. Isenção fiscal é dinheiro público, agora me diz o que leva o governador a fazer isso, é muita cara de pau. Senhor governador, a gente sabe o que é uma boate termas.”
“O vídeo daquela festinha dele em um evento público na zona oeste com os milicianos "Jerominho" e "Natalino"... Quer dizer, quem é que manda ali? Ele estava ali incauto? Os milicianos foram presos em decorrência da CPI das Milícias, mas eles sempre obedecem a um poder maior, o dinheiro sempre sobe”, diz Pedro, para quem a pacificação das favelas é um roubo e um projeto de dominação.
“O processo de pacificação das UPPs servem em primeiro lugar a um projeto de expansão imobiliária para expulsar os pobres da zona sul, e em segundo lugar como projeto de fortalecimento das milícias. Porque só tem UPP em favelas tradicionalmente dominadas pelo tráfico. A única favela de milícia que recebeu UPP foi a do Batan, porque dois jornalistas foram assassinados lá. Aliás, só por isso foi instalada a CPI das Milícias na Alerj e só por isso o Jerominho e o Natalino foram presos, e é óbvio que ouve algum acordo para poupar cabeças maiores. A gestão do governador coincide com o crescimento das milícias no estado.”
O cinegrafista denuncia também a desapropriação de 1500 famílias que há 150 anos vivem de suas terras na região do Açu, área rural no município de São João da Barra, norte do estado, para dar lugar a um parque industrial da empresa LLX, do empresário Eike Batista. “O Sérgio Cabral mandou a polícia, expulsou todo mundo e tem dado 3 mil reais de indenização, isso é crime.”
Pedro lembra também o crescimento espetacular do escritório de advocacia da esposa do governador, Adriana Ancelmo Cabral, que advoga para empresas e concessionárias do estado; o caso da siderúrgica alemã ThyssenKrupp, em Santa Cruz, denunciada pelo Ministério Público por crimes ambientais como a emissão de ferro-gusa, que tem causado sérios danos de saúde à população local; o envio de bombeiros que reivindicavam melhores salários em fevereiro desde ano para o presídio de segurança máxima Bangu I; o caso do sucateamento dos bondes de Santa Teresa que resultou na morte de seis pessoas e mais de 50 feridos num acidente em agosto do ano passado; a isenção fiscal de 4,16 milhões de reais para a Coca-Cola exibir as Olimpíadas de Londres num telão instalado na Quinta da Boa Vista, que até hoje não funciona; e a precarização da saúde e a ordem de demolição do Hospital Central do Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (IASERJ), que atende 80 mil pacientes, para dar lugar a um laboratório que custará cerca de 500 milhões de reais, segundo o governo. “Pela ficha do governador e sua gente, vê-se que não são pessoas idôneas”, conclui Leão.
(Bruno Menezes/The Epoch Times)
(Bruno Menezes/The Epoch Times)
(Bruno Menezes/The Epoch Times)

 FONTE: EPOCHTIMES.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

UPP: o outro lado da moeda, que só os policiais que estão nelas conhecem

UPP: o outro lado da moeda, que só os policiais que estão nelas conhecem


A morte da polícia militar Fabiana Aparecida de Souza, de 30 anos, na segunda-feira (23), assassinada com um tiro de fuzil no peito, próximo à sede da Unidade de Policia Pacificadora (UPP) da comunidade Nova Brasília, no Complexo do Alemão, pode não ter sido um fato isolado.

Foi a primeira baixa entre os policiais recém-contratados, especificamente para atuarem nas UPPs. Como o governo está sendo pressionado a ampliar estas Unidades - o secretário interino de Segurança Pública, Roberto Sá, revelou ao jornal O Globo que aumentará o efetivo policial lotado nelas - isto acaba sendo feito sem os devidos preparos. Desta forma, aumentam os riscos e a falta de infraestrutura para quem ali trabalha.

Este outro lado da moeda foi relatado ao Jornal do Brasil por um destes policiais militares formados às pressas para atuar em uma das 21 UPPs. Ele, aqui identificado como "X" para evitar represálias, conta, por exemplo, o que já é voz comum dentro da corporação: algumas UPPs estão entregue às baratas, como a do Complexo do Alemão.

Fuzil travado

A questão da falta de estrutura começa no próprio armamento com que estes policiais podem contar. Por conta da ordem de “não ostentar armamento”, cada guarnição só dispõe de um fuzil. Todo resto do efetivo conta apenas com pistolas, cada uma com dois carregadores. No dia dos ataques à UPP do Alemão, como já se sabe, os fuzis dos policiais travaram e não funcionaram.

“Não tem (armas) para todo mundo. É um fuzil para cada guarnição, e os que têm, travam, dão pane. No dia em que atacaram as duas UPPs, os policiais trocaram tiro, e depois de cinco ou seis disparos, as armas travaram”, revelou o que soube entre os colegas.

Segundo o policial "X", a relação de problemas é extensa no cotidiano das UPPs. Um que salta aos olhos - e é difícil acreditar em tempos de comunicação multimídia - é a de que poucos rádios funcionam. Segundo ele, a grande maioria dos aparelhos só recebe chamadas, sem conseguir entrar em contato com outras estações, inclusive as que estão nas "viaturas policiais".

A falta de sinal não é o único problema: “Não tem rádio para todo mundo. Às vezes, não tem a bateria reserva, e de noite o aparelho está descarregado. Já trabalhei sem rádio, por exemplo.”, afirma.

A assessoria de Imprensa do Comando de Polícia Pacificadora (CPP) nega que sejam insuficientes os rádios e as baterias. Também informou que "a quantidade de armamento é definida de acordo com as necessidades. Não há falta de fuzis". Admitiu que as armas falharam, a causa, porém, é "desconhecida e está sendo investigada".

Spray controlado

Outra questão levantada pela fonte do JB está no excessivo controle do uso do spray de pimenta, tido como uma possibilidade de dissolver multidões e distúrbios civis de forma menos violenta. Os policiais precisam justificar, em documento, a quantidade utilizada e o motivo. E só há um para cada guarnição. No caso de uma grande agitação, eles não dispõem de bombas de gás lacrimogênio, necessárias para dispersar aglomerações. "Muitas vezes, apartamos as confusões na mão mesmo.", diz.

Ao rebater a denúncia, a assessoria do CPP destacou que "os policiais da UPP não são policiais de confronto e guerra, e sim de mediação e de relação com as comunidades. A opção pelo uso do spray de pimenta e do "taser" (pistola de choque) no lugar da bomba de gás lacrimogênio é exatamente para minimizar atos de violência. É necessário o controle dos equipamentos para não haver uso abusivo", diz a nota.

Benefícios não pagos

Além do equipamento precário, o policial conta que muitos colegas que têm direito a R$ 200 por mês para a alimentação, há seis meses não recebem. O mais crítico é que não há um lugar onde os policiais de algumas UPPs possam comer. No caso do Complexo do Alemão, além de faltar opção à alimentação, ele conta ser comum que policiais militares utilizem o banheiro do teleférico, pois não há sanitários disponíveis nos postos (contêineres) de policiamento.

“Na hora do almoço, há casos de policiais que comem no chão porque não têm onde comer ou ficam dentro dos contêineres, cujos ar-condicionados funcionam mal. É um absurdo”, diz.

Nas explicações enviadas ao JB pela assessoria do CPP, ocorre, sim, a falta de pagamento, mas ela é específica: "As UPPs do Complexo do Alemão são recentes e é necessário um trâmite junto à Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) do Estado para que o valor adicional pago para a alimentação seja incluído no salário dos agentes. Esse trâmite demandou um tempo, mas já foi resolvido e eles terão o auxílio alimentação depositado em suas contas, junto com o próximo salário", justificou o comunicado, acrescentando que "as novas sedes possuem copas estruturadas com micro-ondas, geladeiras, mesas e cadeiras".

Segundo a nota, o pagamento do auxílio transporte no valor de R$ 100 tem sido realizado regularmente. "Se algum policial não está recebendo, ele deve procurar a base administrativa da unidade em que está lotado para que o caso dele seja avaliado e solucionado".

Outra gratificação que, segundo a fonte do JB muitos PMs ainda não viram a cor, foi a ajuda prometida pela prefeitura do município, no valor de R$ 500. Na quarta-feira passada (25), o prefeito do Rio, Eduardo Paes, prometeu aumentar a quantia para R$ 750. Pareceu promessa de campanha eleitoral pois, segundo o policial "X", vários de seus colegas jamais receberam qualquer valor.

Burocracia

Outro obstáculo do serviço, diz a fonte, é a burocracia. Se ele estiver insatisfeito no lugar em que está lotado, o pedido de transferência lhe criará problemas. Segundo relata, "aí é que não recebo o que me devem mesmo. É um dinheiro com o qual não se pode contar", revela. O mesmo acontece com as férias, que, segundo a fonte, é "outra burocracia".

O policial "X" informa que, pelo mesmo motivo - burocracia -, não pôde retirar da loja a arma que comprou para utilizar fora do serviço. Ele tem direito a andar armado, mas só pode pegar o equipamento após ser liberado um documento específico da PM. A pistola, comprada no início do ano, continua estocada na loja, por conta do atraso do papel.

Formação

O policial "X" também faz duras críticas ao curso de formação dos soldados da UPP. Sua preparação durou nove meses, sendo que nos três últimos, diz que não fez nada. Apesar da pouca ênfase dada nas ações práticas, ele considerou que teve uma boa formação teórica.

“Foram três meses em que ficamos à toa lá, sem fazer nada. As aulas de tiro foram muito básicas. E a matéria de sobrevivência urbana, que ensina conduta de patrulhamento na cidade, não teve nenhuma aula. Teve turma que se formou e foi jogada imediatamente dentro do Complexo do Alemão, sem qualquer prática anterior".

Morte da soldado

No caso da morte da soldado Fabiana Aparecida de Souza, a fonte do JB analisa que a policial, ao sair para lanchar desacompanhada, contrariou as condutas de segurança do Regulamento Disciplinar da Polícia Militar do Estado do Rio. “Não podemos andar sozinhos na favela. Ela foi pega desprevenida. O que falam é que ela deu de cara com os traficantes”.

Ele também disse que o tráfico de drogas permanece em algumas comunidades, em especial no Alemão, onde, segundo os policiais ali lotados, em dois meses de atividade já ocorreram, pelo menos, confrontos com trocas de tiros, mas sem nenhuma baixa de policial.

“Aquele lugar ali (Alemão) é o quartel-general do Comando Vermelho. O tráfico continua na cara de pau. Em dois meses, já soubemos de, pelo menos, quatro trocas de tiros com traficantes", relata o que ficou sabendo. “À noite, as trocas de tiro são com fuzil. Mas ninguém sabe porque a CPP sempre abafa as notícias, muitas vezes porque é a Globo quem vai noticiar, e ela é conivente com o governo”.

A assessoria do CPP não desmente a existência de traficantes, apenas ressalta que, "com as UPPs, acaba a venda aberta de drogas e o ir e vir de bandidos armados à luz do dia. Tráfico de drogas é um problema mundial que não se resolve da noite para o dia".

"Caldeirão de merda"

O policial "X" conta o comentário feito por um sargento do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) para um grupo de soldados lotados na UPP do Alemão, que já demonstra a situação a que estão sujeitos: "jogaram vocês no caldeirão de merda!".

Na reflexão que faz sobre a política de pacificação das comunidades, diz que na maioria delas "a única coisa que funciona é o governo ter entrado (nas favelas, antes dominadas pelo tráfico). Aí, cobra IPTU, a Light conserta o relógio de todo mundo, regularizaram Internet, e acabam os desfiles de bandido com fuzil. Mas continua a mesma coisa. Os bandidos só não andam com fuzil, mas têm pistola de calibre pesado, como .45.”

Segundo ele admite, em algumas destas áreas onde a polícia não tinha acesso, "muitas armas permanecem escondidas, bem como marginais que nunca haviam sido fichados antes". Isto ocorreria, por exemplo, no Alemão onde, segundo contam os policiais ali lotados, “poucas pessoas passam e dão bom dia e boa noite. Ninguém quer falar nada. Todo mundo é conivente com o tráfico de drogas. Quando se vai abordá-los, muitos saem em defesa dos bandidos. Sei que no começo da UPP é assim, mas ali é demais”.

 
Menina dos olhos

Ao final do relato, ele desabafa: “Não tem estrutura, todo mundo está insatisfeito. A maioria não ganha nem ajuda de custo da passagem. Tem gente pagando para trabalhar. Na Zona Sul, por exemplo, é diferente. Tudo funciona, porque a Zona Sul é a menina dos olhos do governo”.
 
 
 
Jornal do Brasil