Rio -
As cantoras Watusi e Glória Laraújo sofreram um assalto, na madrugada
desta sexta-feira, na Avenida Brasil, altura de Bonsucesso. Elas estavam
com mais três pessoas em um carro e voltavam de um ensaio na quadra da
Beija-Flor, em Nilópolis, na Baixada Fluminense. O assalto ocorreu
quando o grupo foi abastecer em um posto de gasolina. De acordo com
Watusi, quando eles chegaram até a 21ª DP (Bonsucesso) para dar queixa
do roubo, não havia nenhum policial dentro da delegacia. As informações
são do Bom Dia Rio.
A cantora contou ainda que eles foram orientados pelo serviço de
emergência 190 a fazer o registro em outra delegacia. Seguiram então
para Copacabana, onde foram atendidos na 13ª DP. "Havia dois policiais
tabalhando e tiveram muito boa vontade pois disseram que, em princípio,
não poderiam nos atender. Estamos abandonados pelo governo. Todos têm
direito à greve, mas o governo deveria colocar a cidade em alerta",
disse ela ao telejornal.
A assessoria da Polícia Civil afirmou, no entanto, que a delegacia
funcionou nesta madrugada. Ainda de acordo com a polícia, a 21ª DP
registrou ocorrências de assalto e roubo no começo da madrugada e a 22ª
DP (Penha) fez registros dos mesmos crimes às 4h e 4h30.
PM some das ruas após decretação de greve
As primeiras horas da greve decretada em assembleia na Cinelândia, na
noite de quinta-feira, por policiais militares e civis e bombeiros, foi
de policiamento escasso nas ruas e de aparente tranquilidade na
madrugada desta sexta-feira. Vários PMs e bombeiros estão aquartelados.
Nas ruas, não foram vistas viaturas baseadas em pontos comuns, como a
Avenida Brasil e as linhas Vermelha e Amarela. Em nota, a PM informou
que a corporação está atuando plenamente sem prejuízo à população, com
apoio dos batalhões de Choque (BPChq) e de Operações Especiais (Bope) no
patrulhamento.
Em uma primeira nota, divulgada no início da madrugada, a PM negou que o
comandante-geral da corporação, coronel Erir Ribeiro Costa Filho, ou
qualquer outro integrante do comando tenha deixado o cargo. A liderança
do movimento grevista convocou uma coletiva de imprensa, às 10h, na sede
da Coligação dos Policiais Civis, no Centro.
Desde a tarde de desta quinta-feira, a Cinelândia concentrou milhares de servidores | Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
Em Botafogo, policiais de plantão do 2º BPM (Botafogo) se concentraram
na porta do quartel, na Rua São Clemente, com os giroscópios das
viaturas ligadas. Líderes do movimento tentavam convencer os colegas de
farda a se aquartelarem. Um policial chegou a dizer que os policiais
estavam em estado de prontidão. Na Rua Voluntários da Pátria, na altura
da Praia de Botafogo, os bares estavam lotados e funcionavam
normalmente.
Na 22ª DP (Penha), policiais do 16º BPM (Olaria) que estavam em ronda
nas ruas, se concentraram e partiram em comboio para a sede do batalhão,
na Rua Paranapanema, onde ficaram aquartelados. PMs que estavam de
folga e integrantes do movimento grevista saudavam as equipes que
chegavam com aplausos e palavas de ordem como 'juntos somos fortes',
'vergonha, salário sem vergonha' e 'Cidade Maravilhosa, o pior salário
do Brasil'.
Os manifestantes também exibiam faixas e reivindicavam a libertação do
cabo bombeiro Benevenuto Daciolo, preso na quarta-feira, acusado de
incitação a greve. Alguns policiais do Batalhão de Campanha, responsável
pelo patrulhamento no Complexo do Alemão, teriam aderido. Uma patrulha
do Exército chegou a circular próxima ao 16º BPM no início da chegada
dos PMs.
Na Zona Sul, policiais do 23º BPM (Leblon) chegaram a se concentrar na
porta da 15ª DP (Gávea). Eles, porém, decidiram não ficar aquartelados.
No entanto, cabines localizadas na Avenida Borges de Medeiros estavam
acesas, mas vazias. Numa delas, localizada em frente ao Cine Lagoon e à
sede do Flamengo, duas equipes da Guarda Municipal estavam baseadas.
No Centro, até às 5h não haviam sido registradas ocorrências na 6ª DP
(Cidade Nova), central de flagrantes da região. Segundo um policial
civil, nenhuma guarnição da PM esteve na delegacia para comunicação de
crime. Na Candelária, o trailler da PM baseado em frente ao Centro
Cultural Banco do Brasil estava vazio.
Durante a madrugada, alguns batalhões não atenderam ao telefone. Na
maioria, PMs de plantão informavam que suas áreas de policiamento
estavam calmas. No Instituto Médico Legal (IML), em São Cristóvão, o
funcionamento foi normal durante a madrugada. Segundo um policial, o
recolhimento de corpos está sendo feito normalmente.
A equipe do Dia circulou pelas principais vias do Rio. Na Avenida
Brasil, não foram encontradas viaturas que geralmente ficam baseadas no
trecho entre o Caju e o acesso a Ilha do Governador. Na Linha Vermelha, a
torre de controle da PM que fica na altura do Estádio de São Januário
estava apagada e não havia policiais. Na Linha Amarela também não foi
verificado baseamento de viatura. Motoristas contaram que no trajeto do
Engenho de Dentro, na Zona Norte, até o Centro, não foi verificado
policamento ostensivo nas ruas até o início da manhã desta sexta-feira.
Os grevistas reivindicam piso salarial de R$ 3.500, jornada de 40 horas
de trabalho, auxílio transporte e auxilio alimentação de R$ 350, além
da libertação do cabo Benevenuto Daciolo.
Falta de informação e dúvida
Desinformação e expectativa. Esse era o clima de populares no fim da
madrugada desta sexta-feira, quanto à decretação da greve da polícia e
dos bombeiros do Rio. Muita gente ainda não sabia da paralisação. Quem
sabia, prefere esperar mas já se programa caso a paralisação traga um
clima de insegurança.
A auxiliar de serviços gerais Rejane Gomes de Oliveira, de 39 anos, só
ficou sabendo da greve às 4h, através de uma colega de trabalho.
Funcionária de um bar na Rua do Lavradio, ela caminhou a pé até a
Central do Brasil onde seguiria para casa, em São Gonçalo, Região
Metropolitana. Durante o trajeto e no período de uma hora em que ficou
na Central ela não viu viaturas em patrulhamento nas ruas.
"Como é que vai ser. O carnaval está perto. Será que aqui vai ficar
igual na Bahia?", disse se referindo a onda de violência no principal
estado do Nordeste. Ela também não descatou a hipótese de não trabalhar
nesta sexta-feira, caso perceba um aumento no clima de insegurança ou
possíveis atos de violência durante o dia.
Morador de Cachoeira de Macacu, o operador Camilo Conceição Rodrigues,
de 31 anos, disse que não viu policiais nas ruas durante o trecho da
Rodovia Niterói-Manilha até os acessos ao Rio, como Viaduto do Gasômetro
e Elevado da Perimetral.
"Vou ver como será a repercusão da greve hoje. Mas, vou deixar meu
chefe de sobreaviso", disse prevenido o funcionário de uma fábrica em
Jacarepaguá, Zona Oeste, também não descartando a hipótese de pedir
dispensa devido a paralisação de PMs, policiais civis e bombeiros.
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